quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Escola frente às mudanças e desafios


A escola, como instituição social, é parte de um sistema mais amplo e complexo – a sociedade – do qual depende e recebe influência, ao mesmo tempo e na mesma medida em que a ele serve e influencia. Articulada com a sociedade circundante, por intermédio de seus componentes humanos, exerce função socializadora, tanto por sua ação intencional como por meio das múltiplas relações espontâneas entre seus membros. É essa relação dialética que confere ao sistema escolar as mesmas características do sistema social, político e econômico em que está inserido.
Ao longo dos séculos, a escola tem passado por transformações significativas na tentativa de se adequar às necessidades da sociedade cada vez mais exigente e veloz em suas mudanças e inovações. No entanto, os progressos científicos e tecnológicos, as novas formas de organização político-econômica e de comportamento social tornam obsoletas e inadequadas, de um dia para outro, as estruturas escolares.
Questionada em sua forma atual, a escola reconhece hoje a urgência de uma transformação curricular quanto à seleção e gradação dos conteúdos a serem aprendidos e, além disso, quanto aos processos e às atividades de ensino e aprendizagem e de avaliação utilizados.
Para Manacorda (1989), as contradições da estrutura educativa que temos hoje se assemelham àquelas dos milênios passados: uma relação complexa entre educação e sociedade, em que é difícil separar pedagógica da prática político-social. Essa preocupação é histórica e não resolvida. É um caminho minado de contradições, de avanços e de retrocessos.
O sucesso de uma escola depende, na atualidade, de sua capacidade de superar-se e renovar-se a cada dia sem perder o fio condutor: os pressupostos ideológicos, éticos e epistemológicos que a regem, sustentem e animam.
Manter atualizada uma escola é extremamente complexo, a qual implica rever sua tradição, seus valores e ao mesmo tempo implementar as necessárias inovações, atendendo aos sinais dos tempos e às novas demandas de sua clientela.
Promover mudanças implica o desenvolvimento de uma série de competências indispensáveis ao processo de renovação.
O êxito do esforço de renovação depende, em grande parte, de um processo inicial e contínuo de diagnóstico da própria realidade e de avaliação crítica de experiência acumulada. Esse é o primeiro passo da elaboração/reelaboração participativa do projeto pedagógico, o qual sinaliza e norteia a prática educativa de uma escola comprometida com a formação integral do cidadão.
Como educadores, diante das mudanças complexas pelas quais passam o mundo, como totalidade, e as nossas vidas, como singularidade, temos um grande e importante desafio: participar criadoramente na construção de novos paradigmas para nossa prática educativa. Como podemos “reencantar a educação, unindo processos vitais a processos cognitivos” (Assman, 1996), ou acender a chama da “alegria cultural na escola” (Snyders, 1988, 1993), ou como podemos fazer da pedagogia um “ato estético, além do ético” (Freire.1996), aliando o lado crítico ao poético?
Quero acreditar como Brandão (1996), que “paraísos, e utopias, são possibilidades” e que não existe força mais poderosa do que a força daqueles que acreditam que podem mudar o mundo. Como educadores, temos esse desafio: encontrar alternativas para “reencantar a educação” aliando as mudanças aceleradas do mundo nossa busca de novas formas de vida, criativas, mais justas, dignas e, por que não, felizes?
Referências Bibliográficas:
ASSMANN, Hugo. Paradigmas educacionais e corporeidade. Piracicaba, SP: UNIMEP, 1993.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1996.
MANACORDA, Mário Alighiero. História da educação: antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1989.
REDIN, Marita Martins. Entrando pela janela: o encantamento do aluno pela escola. Porto Alegre: Mediação, 2002.
SNYDERS, Georges. A alegria na escola. São Paulo: Editora Manole, 1988.

Um comentário:

  1. “Deixe a pandorga viajar...
    Mas segure firme para o vento não roubar...
    Por que nossos sonhos são pandorgas... Nos levando para o mundo transformar”

    Sonhar é preciso! Ler o blog da Rô, também.

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