domingo, 23 de agosto de 2009

O espaço da Escola e dos Educadores na vida dos alunos

“... acredita que a Escola possa ser um lugar de satisfação,
de alegria, um lugar com espaço para
especificidade da infância e da juventude e,
em suas palavras, compromete-nos a trabalhar para que isso aconteça.”
Snyders, 1993.

O processo de mundialização, iniciado timidamente com as grandes descobertas e acelerado no final do século XX, com a globalização e o neoliberalismo, aponta-nos a necessidade de investirmos ainda mais na formação de nossos alunos dentro da Escola, colaborando para que sejam cidadãos conscientes, com direitos e deveres já instituídos e muitos outros por constituir, fazendo valer a máxima de que, o espaço Escola seja “um lugar de satisfação, de alegria para especificidade da infância e da juventude...” Tudo isso, aumenta ainda mais, nossa responsabilidade como educadores.

Contudo, algumas Escolas começam a reorganizar suas práticas movidas pela convicção de que a Escola tem hoje uma função educativa mais ampla, cabendo-lhes suplementar a ação da família. Isso ocorre porque, paralelamente às modificações na estrutura e na dinâmica familiar, as crianças e, sobretudo os jovens, estão cada vez mais fragilizados, expostos a uma gama crescente de perigos e influências negativas. O desrespeito e a irreverência estão presentes na mídia – a qual banaliza e promove a violência e a erotização precoce, nos shoppings - que estimulam o consumismo e o exibicionismo, nas ruas e nos bares – onde a violência, a sexualidade e a droga atraem e aprisionam crianças, adolescentes e jovens.

Esse reorganizar a Escola passa pela tentativa de torná-la um espaço mais atraente, acolhedor, agradável, estimulante e formador de opiniões e comportamentos. Assim, são agregados ao currículo eventos: extraclasse, aulas especiais extra-horário, atividades extracurriculares, é a oferta da Escola em tempo integral, o atendimento aos aspectos nutricionais....

Em contrapartida, em sala de aula pouca coisa mudou. Professores continuam expondo o conteúdo, marcando tarefas corriqueiras, usando somente quadro e giz, mandando abrir o livro e vamos ler o texto...
Até quando?

Lentamente conseguimos ver algumas mudanças e assistir um movimento de renovação das práticas escolares.
As Escolas começam a:
· flexibilizar o tempo: passando para trimestres (dando assim um espaço maior para consolidar o processo de aprendizagem dos alunos);
· diminuir o número de avaliações (levando em consideração o aprendizado diário dos alunos);
· modificar seus registros escolares (não somente o boletim com notas, mas com pareceres, relatórios e conceitos);
· incluir no currículo filosofia, história da arte, música, dança (valorizando o ser);
· incentivar e promover o protagonismo juvenil através de grupos de jovens, grêmio estudantil, pastoral da juventude (com objetivos variados – cunho social, político, cultural, artístico, ecológico, ou de missão e engajamento);
· promover gincanas, festivais, feiras, mostras, que envolvam os alunos, direcionando seus interesses, oportunizando a canalização da energia e da agressividade.

O que tem sido feito faz-nos acreditar que a Escola sobreviverá, reforçando a idéia de que começamos a descobrir caminhos e alternativas para que ela se torne atraente e útil aos alunos, suas famílias e à sociedade como um todo.

Educadores e gestores - precisamos compartilhar o desejo e o esforço em mudar. É urgente a necessidade de valorizarmos nossas práticas educativas e de gestão escolar.

Como ponto de partida, proponho uma reflexão sobre nossos referenciais teóricos - os que fundamentam e que enriquecem a cada um de nós como educadores e gestores - pesquisadores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
ACÚRCIO, M. R. B. Questões Urgentes na Educação. Porto Alegre/ Belo Horizonte: Artmed, 2002.
ANTUNES, C. Novas Formas de Ensinar, Novas Formas de Aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
FREIRE,P. Educação e Mudança. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
NEIL, A. S. Liberdade sem Excesso. São Paulo: Ed. Ibrasa, 2002.
SNYDERS, G. Alunos Felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1993.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Escola frente às mudanças e desafios


A escola, como instituição social, é parte de um sistema mais amplo e complexo – a sociedade – do qual depende e recebe influência, ao mesmo tempo e na mesma medida em que a ele serve e influencia. Articulada com a sociedade circundante, por intermédio de seus componentes humanos, exerce função socializadora, tanto por sua ação intencional como por meio das múltiplas relações espontâneas entre seus membros. É essa relação dialética que confere ao sistema escolar as mesmas características do sistema social, político e econômico em que está inserido.
Ao longo dos séculos, a escola tem passado por transformações significativas na tentativa de se adequar às necessidades da sociedade cada vez mais exigente e veloz em suas mudanças e inovações. No entanto, os progressos científicos e tecnológicos, as novas formas de organização político-econômica e de comportamento social tornam obsoletas e inadequadas, de um dia para outro, as estruturas escolares.
Questionada em sua forma atual, a escola reconhece hoje a urgência de uma transformação curricular quanto à seleção e gradação dos conteúdos a serem aprendidos e, além disso, quanto aos processos e às atividades de ensino e aprendizagem e de avaliação utilizados.
Para Manacorda (1989), as contradições da estrutura educativa que temos hoje se assemelham àquelas dos milênios passados: uma relação complexa entre educação e sociedade, em que é difícil separar pedagógica da prática político-social. Essa preocupação é histórica e não resolvida. É um caminho minado de contradições, de avanços e de retrocessos.
O sucesso de uma escola depende, na atualidade, de sua capacidade de superar-se e renovar-se a cada dia sem perder o fio condutor: os pressupostos ideológicos, éticos e epistemológicos que a regem, sustentem e animam.
Manter atualizada uma escola é extremamente complexo, a qual implica rever sua tradição, seus valores e ao mesmo tempo implementar as necessárias inovações, atendendo aos sinais dos tempos e às novas demandas de sua clientela.
Promover mudanças implica o desenvolvimento de uma série de competências indispensáveis ao processo de renovação.
O êxito do esforço de renovação depende, em grande parte, de um processo inicial e contínuo de diagnóstico da própria realidade e de avaliação crítica de experiência acumulada. Esse é o primeiro passo da elaboração/reelaboração participativa do projeto pedagógico, o qual sinaliza e norteia a prática educativa de uma escola comprometida com a formação integral do cidadão.
Como educadores, diante das mudanças complexas pelas quais passam o mundo, como totalidade, e as nossas vidas, como singularidade, temos um grande e importante desafio: participar criadoramente na construção de novos paradigmas para nossa prática educativa. Como podemos “reencantar a educação, unindo processos vitais a processos cognitivos” (Assman, 1996), ou acender a chama da “alegria cultural na escola” (Snyders, 1988, 1993), ou como podemos fazer da pedagogia um “ato estético, além do ético” (Freire.1996), aliando o lado crítico ao poético?
Quero acreditar como Brandão (1996), que “paraísos, e utopias, são possibilidades” e que não existe força mais poderosa do que a força daqueles que acreditam que podem mudar o mundo. Como educadores, temos esse desafio: encontrar alternativas para “reencantar a educação” aliando as mudanças aceleradas do mundo nossa busca de novas formas de vida, criativas, mais justas, dignas e, por que não, felizes?
Referências Bibliográficas:
ASSMANN, Hugo. Paradigmas educacionais e corporeidade. Piracicaba, SP: UNIMEP, 1993.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1996.
MANACORDA, Mário Alighiero. História da educação: antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1989.
REDIN, Marita Martins. Entrando pela janela: o encantamento do aluno pela escola. Porto Alegre: Mediação, 2002.
SNYDERS, Georges. A alegria na escola. São Paulo: Editora Manole, 1988.